sábado, 3 de setembro de 2016

Entrevista com o Saudoso Vulcano

(POR: DANIEL SOUSA/ITALO GRINDER)

Infernais e abissais saudações... Sejam bem vindos, Zhema e Vulcano! São 35 anos de dedicação ao metal extremo. Vocês já viram surgir e desaparecer muita modinha na cena nacional e mundial, porém se mantém fieis ao estilo que muitos apontam como sendo os pioneiros na América do Sul.... Como manter a essência das composições e ao mesmo tempo colocar a pegada “Vulcano” sem desvirtuar o estilo?

R: Eu creio que é justamente porque não escutamos esse tipo de metal querendo ser moderninho e fugindo de sua essência que é o Heavy Metal tradicional, simples, guitarras de verdade, bateria de verdade, tudo de verdade! O Metal não compartilha de invenções, misturas folclórias, batuques, etc. Como dizia Steve “Lips” – Metal on Metal. Na transição para os anos 90 fui um dos primeiros a se revoltar com aquela coisa “fake” que estava acontecendo aqui no Brasil, cabelos tratados com shapoo e mechas loiras, tenis rebok, calça vison, e todas as bandas querendo soar como Metallica e então começa a era grunge... tudo “fancy”



Houve uma modificação no line-up da banda, certo? Quais os motivos para a saída do Ivan Pelliciotti, a entrada do Gerson Farjado e o retorno do Carlos Diaz?

R: O Ivan é técnico de gravação, possui um estúdio aqui em Santos e esta montando um segundo em Curitiba. Ele também foi produtor dos últimos álbuns do Vulcano ao meu lado e a demanda de shows do VULCANO, de certa forma, estava atrapalhando os trabalhos dele. Então ele pediu para sair. Era natural chamar o Diaz de volta e então fiz isso. Com relação ao Gerson Fajardo, ele é um amigo guitarrista de muito tempo, desde os anos 80. Fizemos varios projetos juntos e ultimamente estavamos fazendo mais um projeto, então eu achei melhor trazer ele para dentro do VULCANO pois temos uma afinidade muito grande.

Entre 1986 e 1987 rolou um convite da Godly Records (selo que na época lançou Slowly We Rot da Obituary e que foi responsável pela Roadrunner na América Latina) para um lançamento de um álbum. Qual o motivo (ou motivos) determinante para a não concretização dessa parceria e tu achas que a trajetória da Vulcano teria sido diferente se houvesse o lançamento deste trabalho?

R: Correto. Foi em 1987, antes mesmo do Sepultura assinar com eles. O Borivoj, acho que assim que se escreve, da então “Violent Noise” e “Godly Records” queria nosso próximo álbum naquela época, que viria a ser o “Anthropophagy”, mas quando terminei e mandei o álbum para ele, ele simplesmente não gostou me dizendo que era muito rápido e uma agressividade sem sentido. Só isso! Bem para mim não fez diferença, pois caso ele tivesse gostado e quisesse nos levar para uma carreira maior, eu não aceitaria. Tinha, e tenho, minha família, eduquei muito bem meus filhos, contrui minha carreira de Engenheiro e estou muito bem assim.

Já tem um tempo que tivemos o chamado “boom da internet”, algo que facilitou (e, expandiu) o underground. Hoje é possível, por exemplo, conhecer uma banda do interior da Polônia tocando um fudido Brutal Death Metal, assim como uma banda do interior do Piauí fazendo um profano Black Metal. Precisei fazer essa introdução para as seguintes perguntas:
Inclusive fui procurado por um produtor fonográfico na Europa no mês passado durante um show do VULCANO e ele me presenteou com uma camiseta e um CD do Bode Preto ... Piauí!!! - Com certeza hoje é mais fácil gravar e lançar um álbum. E, na tua opinião essa “facilidade” é boa ou ruim para o underground? Eu creio que essa facilidade também é responsável pela inundação de albuns ruins musicalmente. Exite muita coisa que não soa bem e nem interessante. Hoje em dia, por conta de que muitos querem soar como “coisa” que já foi feita e por já ter sido feita é complicadíssimo ser original -

A internet possibilita (como falei) conhecer muita banda boa e interessante e ao mesmo tempo que dá “voz/espaço” para idiotas e bandas medíocres. O conceito de real underground tende a morrer com essa exposição demasiada da internet?

R: Não! Eu penso que o valor da palavra “Underground” é muito forte e não é facilmente corrompido por modistas, caronistas no Metal, ou desinformados momentaneamente. “Underground” é Atitude! Ou você é ou não é. Se você não compartilha dessa atitude, será facilmente identificado e “cuspido” fora.

Atualmente no Brasil temos uma crescente onda da direita conservadora, especialmente através do Jair Bolsonaro, um político social-cristão, fascista e homofóbico. Te preocupa essa mentalidade radical e extremista na política brasileira e a reprodução deste tipo de atitude/ideologia entre os headbangers?

R: O Brazil, como instituição, tem um câncer indestrutivel e inabalável, composto e regido por três entidades maléficas: Os Bancos, a Rede Globo e as Religiões. Isso é minha “primary concern” !!!!!!!

Como foi trabalhar com Wladimyr Cruz para a produção do documentário “Os Postais do Inferno se Abrem: A História do Vulcano”?

R: Esta foi uma iniciativa dele e do Rodney Assunção. Eu realmente não me envolvi em nada nesta produção, Eu apenas cedi meu arquivo pessoal para eles. Eu só fui saber o conteúdo e o formato deste documentário quando assisti pela primeira vez juntamente com as demais 260 pessoas que lotaram o Cine Roxy de Santos. Achei interessantíssimo o resultado final. Esta registrado em DVD e como bonus, o show inteiro de Fortaleza neste começo de ano filmado com varias cameras etc. Eu penso agora que não preciso mais guardar minha história porque esses dois fizeram isso por mim. Muito Bom !!!!!!!!

Novo álbum previsto para o final de 2016, certo? Podes adiantar algumas informações à respeito deste lançamento?

R: Bem, eu erminei 2015 com 11 músicas inéditas já com os “takes” de bateria gravados em definitivo, Gravamos em novembro de 2015. Ocorreu que a quantidade de shows era tanta que tive que abortar esse álbum por um período. Mas Eu não deixei de compor novas música e agora tenho mais 14 musicas prontas! Estou exatamente nesse momento reorganizando tudo para definir por que caminho vou. Ou escolho um álbum deste universo de 25 músicas ou faço uma álbum duplo.

O que vocês tem a Comentar sobre o ocorrido no "F.O.A. (Fortaleza Open Air)" no qual a Banda "Exodus" era a atração principal da noite e que espalhou boatos sobre furto das guitarras de vocês no evento, qual opinião de vocês sobre o ocorrido e sobre a banda?

R: Bem, Eu estava lá ! E e percebi os fatos mais de perto. Em minha opinião foi uma sequência de falhas da Produção e uma intolerância da parte da Agência do Exodus. Se ambos parassem de fato, assumissem as falhas e fossem mais tolerantes, tudo acabaria bem. Isso foi minha percepção das coisas! Agora, falaram em não pagamento dos valores contratados, etc etc. ... ai não me meto! De nossa parte, VULCANO, ocorreu tudo bem e dentro do acordado e não tivemos nenhum instrumento furtado não. Estão todos conosco (rs)

Agradecemos a participação e paciência por responder longas perguntas que nem sempre totalmente voltadas ao contexto musical... Sabemos que estão na correia de pré lançamento de documentário, preparativos de turnê europeia, gravações e afins. Fique à vontade para as considerações finais desta entrevista e até a próxima. Stay sick, stay underground!!!

Eu é quem agradeço a oportunidade de levar um pouco mais de informação do VULCANO aos leitores e também aos leitores pela paciência de ler até qui !!!!!!! Para aqueles que já ouviram falar do VULCANO, mas não conhecem, visite nosso pagina do Bandcamp e ouvirá tudo lá vulcanometal.bandcamp.com Keep Banging !