quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Entrevista com S.O.H. (Siege of Hate)


1 - O que vocês tem a comentar sobre o Fortaleza open Air (F.O.A.)?

R (Frizzo): Foi um Festival muito massa... todos os shows que rolaram foram legais, uma estrutura estava OK. Infelizmente a atração principal, que seria o Exodus, acabou não tocando e isso, pra muita gente, tirou o brilho do evento. Mas achei todos os outros shows legais, Metacrose, o Krisiun foi brutal e o Vulcano, foi uma honra tocar com eles, pois foi uma das bandas que ouvi quando comecei a curtir metal no fim dos anos 80. Para o SOH, como banda de abertura, foi tudo ok. O público que nos aguardava foi brutal, muito receptivo e tivemos um retorno positivo com o nosso show. Isso é o que importa para nós. Fazer um bom show para nossos fãs.

R (Gabai): Realmente foi um grande festival e ficamos muito felizes de termos participado. A história que rolou entre a produção e o Exodus foi estranha e acho que mais fatos ainda deverão vir à tona para esclarecer o que de fato rolou. Só achei lamentável a coisa ter ficado fora do controle no final e terem rolado atos de vandalismo contra pessoas que estavam ali a trabalho, prestando serviços, e não tinham culpa do Exodus não ter subido ao palco.

2 - O Siege of Hate (S.O.H.) vai entrar em turnê com uma das principais bandas do "Grind" o Extreme Noise Terror e essa tour vai passar por: Argentina, Brasil, Peru e Chile, qual á expectativa de vocês para está tour?

R (Frizzo): A expectativa é muito grande e a melhor possível. É sempre muito bom tocar em lugares que o SOH ainda não tocou, tocamos instigados e procuramos cobrir as expectativas do público que foi ali nos ver. Sem contar que é fantástico  conhecer pessoas, novos lugares, novas bandas. Pra mim é um dos grandes motivos que me faz tocar em uma banda, essa possibilidade de viajar e conhecer pessoas e lugares novos. Sem contar que estaremos excursionando com uma banda que nos influênciou muito no início da banda, que foi muito importante para o Siege Of Hate. Lembro que no início dos anos 90 eu tinha uma fita k7 com o disco "Holocaust In Your Head" do Extreme Noise Terror, que não saia do meu walkman. A música "Bulshit Propaganda" era uma de minhas preferidas. 

3 - A arte do novo disco também ficou por conta de George Frizzo (Baixista da banda)?

R (Frizzo): Isso... o Siege Of Hate sempre tem uma preocupação extra com o material gráfico dos discos e merchandise e assim expressar de forma visual a agressividade e o peso do som do S.O.H.. A ideia pra capa veio dos conflitos e guerrilhas do oriente médio, com referências aos conflitos tribalistas (a máscara de caveira de boi), e guerras civís que acontecem na África. Tema que escolhemos para dar nome ao disco: "Admiravel Nova Guerra Civil".

R (Gabai): O tema "Brave New Civil War", da faixa título do 7"EP, reflete essa violência urbana extrema que estamos vivenciando todo dia, o que já quase se configura como uma guerra civil dos tempos atuais. E do jeito que a coisa está, na ausência da ordem e do Estado, com os governos e o congresso dominados por crimonosos, o destino dos cidadãos será voltar dois séculos atrás, quando todos tinham que andar armados e lutar por suas vidas e pela segurança de suas famílias. E a arte do George representou bem a realidade desse "futuro próximo". Quase uma mistura de de guerrilha e cangaço, se trazemos pra realidade do nosso Nordeste.

4 - Quais as dificuldades que a banda já passou nesses anos de carreira?

R (Frizzo): Alguns aperreios de viagem. Problemas com equipamentos em alguns shows. Geralmente estresse pós tour. Mas isso, no dia seguinte, a gente nem lembra mais. 

R (Gabai): As dificuldades que considerei de maior relevância foram algumas mudanças de formação, principalmente no começo, ainda antes de lançarmos o primeiro disco, que afetaram um pouco a estabilidade da banda na época, mas desde a entrada do Saulo (Oliveira, baterista), em 2003, a formação ficou bem mais estável. Hoje já somos veteranos e temos bastante experiência de como lidar com os problemas que são comuns em bandas. Mesmo assim, uma dificuldade que também tem complicado um pouco mais com o tempo é conciliar a banda com as outras responsabilidades, como família, trabalho etc., já que não vivemos exclusivamente da música.

5 - Quais as bandas influenciam o S.O.H. (Siege of Hate) e vocês?

R (Frizzo): Nossas influências são bem diversas. Cada um tem suas bandas preferidas e bandas que mais temos ouvido atualmente. Eu particularmente tenho ouvido muito Noise, Sludge, Post Metal, alguma coisa de Stoner, bandas como Old Man Gloon, The Body, Kadavar, Godspeed You! Black Emperor, Russian Circles, Sumac, Corrections House, Primitive Man além dos clássicos Napalm Death, Paradise Lost, Slayer, Morbid Angel (antigo), Voivod, Kreator, Metallica (antigo) e muito barulho.    

R (Gabai): Como o George disse, as influências do S.O.H. são o conjunto do que a gente ouve. O George é o cara das influências mais "lentas" e "diferentes". Eu sou o mais "old school", sou mais voltado pros clássicos extremos, como Napalm Death, Extreme Noise Terror, Death, D.R.I., Morbid Angel, R.D.P., Discharge e Nuclear Assault, enquanto o Saulo é o cara de sons mais "evil", como muitas bandas de Black Metal (Immortal, Emperor, Venom...), Death Metal Sueco (At The Gates, The Crown...), além de outras sons, como Fear Factory, Gadget, Anaal Nathrakh, Pantera etc. No final, você tem o som do S.O.H., que eu chamo de "Crossover Death" ou "Crossover Grind", pois mistura desde HC/Grind até Death e Thrash Metal, mas não nos limitamos ao Grindcore "padrão". A gente gosta de muita coisa e acaba misturando tudo na nossa música. 

6 - O novo disco de vocês "Brave New Civil War" é o primeiro em vinil, vocês pensam em re-lançar algum disco antigo de vocês em vinil?

R (Gabai): Estamos com uma versão pronta do nosso CD Animalism (2013), com 04 faixas bônus inéditas, para ser lançada em LP, mas ainda estamos buscando parceiros para viabilizar a prensagem.

R (Frizzo):Isso.. inclusive se algum selo estiver lendo essa entrevista tiver interesse em participar desse lançamento, é só entrar em contato cm a gente. 

7 - Quais as dificuldades que vocês vêem no Underground
R (Frizzo): São várias as dificuldades. Fazer música independente, principalmente metal, ou rock pesado e não comercial, no Brasil é sempre uma batalha árdua a se lutar. As dificuldades vão desde conseguir lugar pra tocar, falta de seriedade de alguns produtores de shows, estrutura precária em alguns shows, passagens caras e longas distâncias para se fazer shows fora do estado, até a falta geral de grana. Isso tudo atrapalha o crescimento do Metal nacional. Mas é uma luta que lutamos bravamente, pra mostrar o som brutal do S.O.H.. 

R (Gabai): Para encerrar, somente gostaria de complementar que a música underground também tem profissionalismo e o nível de qualidade das bandas tem provado isso. Só que é necessário que os produtores de shows e mesmo o público reconheçam que ser underground não significa tocar de graça pro resto da vida. Existe todo um trabalho, dedicação, compra e manutenção de instrumentos, composição de músicas, horas e horas de ensaios e gravações (pagos em estúdios) , custo de prensagens, elaboração de materiais, capas, merchandise etc. que as bandas se dedicam para obter algum recinhecimento e, é claro, algum retorno. Isso tudo tem um custo e precisa ser reconhecido. Assim, faço um apelo aos fãs de Metal e Hardcore que apóiem às bandas underground que fazem um trabalho sério e de qualidade, pois só com o apoio do público e de produtores também sérios é que essas bandas podem, quem sabe, um dia chegar no nível dos "medalhões" como Slayer, Metallica, Sepultura, Slipknot etc. etc. Compareçam a shows das bandas locais, comprem material, assistam às bandas de abertura dos shows internacionais. Isso só fortalece a cena e é bom para todos. Apóiem a real cena UNDERGROUND! Muito obrigado pelo espaço para falarmos um pouco sobre nossa música e continue o bom trabalho com o Webzine Death Prod 666! \m/